domingo, 27 de dezembro de 2009

Turismo e Hotelaria

1 O DESENVOLVIMENTO DA HOTELARIA


A atividade hoteleira, ao contrário do que muitos pensam já existe nos tempos antigos, remontando sua origem há mais de 2000 anos. Sua existência estava relacionada ao atendimento das necessidades dos comerciantes que viajavam para levar e trazer mercadorias. Desde de aquela época, as hospedarias já eram divididas por categorias e essa classificação dava-se quanto ao conforto e qualidade dos serviços prestados, como acontece hoje.
Os primeiros meios de hospedagem eram rústicos, e seus proprietários utilizavam as próprias casas para atender os visitantes. Já na Idade Média, em 1407, para aumentar a segurança nas hospedarias, foi criada a primeira lei de registro de hóspedes na França e também neste país em um século depois, surgiu outro avanço importante para a hotelaria atual: o estabelecimento de tarifas para as pousadas, visando aumentar a qualidade dos serviços prestados ao hóspede (FLORES,1993).
Com o passar do tempo foram surgindo na América os albergues, em especial nos Estados Unidos, começaram a revolucionar a hospedagem e tiraram a supremacia da Europa neste ramo econômico. Após a Revolução Industrial, os Estados Unidos já ofereciam os melhores serviços de hospedagem e eram os líderes mundiais em termos de albergues. O desenvolvimento da economia norte americana promoveu um grande aumento no turismo e começou a haver uma grande disputa entre os hotéis.
A hotelaria apresentou um grande desenvolvimento e diversos hotéis foram construídos e as inovações começaram a surgir. Em 1829, o Hotel Tremont House de Boston surgiu com novidades e mais opções, como quartos single (para uma pessoa) e doublé (para duas pessoas), assim como objetos de cortesia para higiene pessoal.Já na Europa, essa evolução chegou mais tarde em 1870, com o primeiro hotel construído especialmente, em Paris, constituindo-se no marco inicial da hotelaria planejada. O hotel Ritz trazia inovações que iam desde a uniformização dos funcionários até banheiros privativos (REVISTA HOTÉIS)
Na década de 1950, nos Estados Unidos ocorre uma nova evolução com o surgimento de empreendimentos junto às rodovias que visavam a atender aqueles que viajavam de automóvel. Esses empreendimentos, chamados de motéis, começaram a desenvolver-se rapidamente e devido seu sucesso tornaram-se concorrentes dos hotéis.
No Brasil, a hotelaria tem seu primeiro registro formal com Marcos Lopes no século XVII. Anteriormente, a hotelaria existia de modo informal, pois certas pessoas de diversas profissões transformavam suas casas em estalagens, para abrigar os viajantes. Para acabar com o caos da época na indústria hoteleira e evitar que qualquer pessoa possuísse um albergue sem condições de um bom atendimento, foi feita no século XVIII, a primeira classificação das hospedarias de São Paulo hospedagem mais simples a hotéis. Nesta mesma época para hospedar-se em um hotel o turista necessitava de carta de recomendação (REVISTA HOTÉIS).
No Rio de Janeiro o marco da hotelaria foi a inauguração do importante Copacabana Palace Hotel, que colaborou para transformar a cidade em um pólo turístico. Outro importante empreendimento foi o Hotel Glória que ainda hoje é um dos maiores hotéis do país, com 602 apartamentos.
Durante as décadas de 70 e 80, incentivos do governo brasileiro levaram a hotelaria a apresentar uma grande expansão. Vários hotéis novos com novos conceitos de atendimento e serviços foram criados como: o Vila Rica, o Luxor e a Rede Othon, uma das principais na hotelaria nacional. O crescimento da hotelaria trouxe ainda redes internacionais como Hilton e Sheraton contribuindo para o desenvolvimento de um serviço profissionalizado na hotelaria do Brasil (REVISTA HOTÉIS).
. A partir do final da década de 90, devido à globalização e à necessidade de atrair mais turistas ao Brasil, o governo investiu significamente através do fomento da linha de credito na hotelaria e no turismo. A vinda de redes hoteleiras mundiais tem aumentado e movimentado cada vez mais o turismo, pois além dos investimentos feitos pelo governo, o aumento da competitividade, os custos mais acessíveis das passagens aéreas e a busca de mais tempo para o lazer têm ajudado nesse grande passo dado pela hotelaria nos últimos anos.
A cidade de Porto Alegre tornou-se num grande pólo hoteleiro, devido sua posição estratégica como capital do Mercosul, com isso atraindo inúmeros executivos que vêm a trabalho na capital do Rio Grande do Sul. Além disso, o turismo de lazer é muito forte no estado, devido à região serrana, com ênfase nas cidades de Gramado, Canela, Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Nova Petrópolis (FLORES,1993)


2 HOSPITALIDADE


Existe uma intima relação entre turismo e hospitalidade, pois o turismo envolve o deslocamento de pessoas e com o desenvolvimento dos meios de transportes surgiu um vertiginoso crescimento no número de deslocamentos de pessoas. A concorrência dos destinos turísticos se tornou tão grande e intensa que hoje o turista busca um algo mais em sua viagem. Além de um transporte rápido e eficiente, hospedagem bem localizada e confortante, paisagens e bons restaurantes, um outro fator vem se tornando decisivo para a escolha de um destino ou consumo de serviços, é a hospitalidade.
O reconhecimento que um povo possui em bem receber pessoas oriundas de outras cidades, estados ou países, cria um referencial para um turista, ninguém gosta de viajar e ser mal tratado. Mas está no setor de serviços, principalmente, o canal por onde a hospitalidade deve se fazer presente em uma localidade.
CASTELLI (2005, p.172) observa:
“A conquista desse viajante exigente acirrou a concorrência entre empresas e destinos turísticos. Em ambos os casos, para atraí-lo, é preciso saber encantá-lo, encantamento este que reforçará sua felicidade”.

O autor observa ainda que:
“No que diz respeito aos destinos turísticos, a fidelidade é relativa, até porque ela busca, permanentemente, novas experiências e vivências. Isso faz parte da essência das viagens de turismo. Contudo, o seu encantamento é essencial para a formação da boa imagem de marca do núcleo receptor”.

O encantamento do turista então, pode não ser uma garantia de um futuro retorno, porém, proporciona uma boa propaganda, uma vez que, retornando ao seu local de origem, seus comentários sobre determinada localidade serão os melhores, incentivando outras pessoas a conhecerem este destino.
O clima encontrado pelos turistas em uma cidade estranha é outro fator considerável quando é feita uma avaliação se uma localidade é ou não hospitaleira, este clima pode ser chamado de atmosfera como relata Kotler (in Denker 2003; p.122): “(...) esse fator como um ambiente calculado capaz de criar ou reforçar as inclinações dos compradores em relação à decisão de compra ou consumo de um produto”.
Como diferencial em relação a outros destinos turísticos, a hospitalidade aparece como instrumento a ser trabalhado e lapidado, através de constantes atividades de capacitações com recursos humanos, criatividade e criação de entretenimento.


2.1 O TURISMO


O Turismo abrange diversas áreas e setores da economia, fazendo com que o mesmo desperte grande interesse tanto do setor público quanto do privado. Definir Turismo, porém, é uma tarefa bastante complexa, por se tratar de uma atividade muito abrangente, subjetiva e que envolve o relacionamento interpessoal. Existe um vasto acervo teórico que aborda conceitos de Turismo, variando o enfoque empregado, principalmente pela área de especialização dos autores.
Para BARRETO (2002, p.43). “O Turismo é um fenômeno de interação entre o turista e o núcleo receptor e de todas as atividades decorrentes desta interação”.
Do ponto de vista desta autora, pode-se avaliar a importância da relação entre o turista e os centros de informações turísticas. Como representante do núcleo receptor e intermediário, no que diz respeito ao encaminhamento que é dado aos serviços que a cidade possui, é peça fundamental na engrenagem econômica que envolve o Turismo.
Segundo Gastal (2005, p.131) “No turismo, há polêmicas, “reservas de mercado” acadêmico – ora o turismo insere-se na Comunicação, ora na Geografia, ora na Administração, ora na Antropologia”.
A definição anterior nos remete ao grande campo de estudo que é o Turismo, atividade que exige características e pré-requisitos múltiplos de um profissional, fazendo com que os mesmos construam uma visão global, capaz de analisar todos os aspectos técnicos que envolvem o mercado, desde o fator econômico até o lado social.




No sentido de pluralidade da atividade turística, citado por grande parte dos autores que dissertam sobre o tema, BENI (2004, p.34) afirma: “Pode-se identificar no campo acadêmico, nas empresas e nos órgãos governamentais três tendências para a definição de Turismo: a econômica, a técnica e a holística”. A primeira destaca o Turismo apenas como forma de negócio como relata Shullern (in BENI; 2004 p.34) “A soma das operações, principalmente de natureza econômica, que estão diretamente relacionadas com a entrada, permanência e deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou região”.
A segunda se preocupa com as definições que envolvem o Turismo, como conceitos de turista, por exemplo, procurando estipular período de tempo de permanência e finalidade da viagem, conforme explica BENI (2004, p.36) “O conceito fornece uma estrutura especulativa, teórica, que identifica as características essenciais e distingue o Turismo de outros fenômenos similares, frequentemente relacionados, embora diferentes”.
Por fim, a última tendência a que se refere o autor, trata o assunto com uma visão menos específica que as demais, analisando o Turismo justamente da forma subjetiva que é, falando da complexidade de definir este conceito, resultando em observações isoladas (BENI, 2004).
Para que o ocorra o deslocamento de pessoas (característica fundamental do Turismo), no entanto, devemos considerar as motivações que geram esse fluxo, tais como visitas a familiares, eventos, religião, cultura, saúde e educação. Outro fator importante a considerar-se é o “estranhamento”, locais ou hábitos não comuns aos turistas.
Sobre a motivação FÚSTER (in BENI; 2004 p.80) diz que “(...) visto da vertente individual, particular do turista, o concurso da psicologia se mostrará como necessário para a determinação das motivações de viagem”.
Existem autores que estipulam um período mínimo de permanência de pessoas para caracterizar o Turismo, ou mesmo definem que para que o mesmo ocorra é necessário o deslocamento para outra cidade, estado ou país, porém, existem fontes que consideram simplesmente a troca de bairro dentro de uma mesma cidade, uma forma de se fazer Turismo.


GASTAL, (2005, p.12 )observa:

“(...) falar em turismo significará fazer referência àquelas pessoas que saem das suas rotinas espaciais e temporais por um período de tempo determinado: o cidadão que sai em férias, os netos que visitam os avós, o executivo que viaja a negócios, mas não regularmente, para o mesmo destino. Ou seja, mesmo aquelas pessoas que, morando numa grande cidade, num determinado bairro, aproveitam o fim de semana para buscar outros espaços nessa mesma cidade (...) essas também são consideradas turistas”.

Essa abordagem teórica ressalta a importância que o planejamento de um órgão público deve ter para que o Turismo não esteja voltado exclusivamente para os turistas provenientes de outras cidades, a comunidade local deve estar integrada, explorando e divulgando os atrativos desta localidade.

2.2 TURISTA

O turista é quem encontra-se fora do seu habitat natural, de sua vida cotidiana, sujeito a novas culturas e conhecimentos , além fronteiras, em local desconhecido e sujeito ao acolhimento ou desacolhimento de autóctones. Conforme a OMT o turista é um visitante temporário, proveniente de um país estrangeiro, que permanece no país mais de 24 horas e menos de três meses, por qualquer razão.
Segundo Krippendorf (2000, p.67), os turistas são seres humanos que se encontram do outro lado da população dos países e das regiões visitadas e daquelas que os acolhem voluntariamente ou involuntariamente.
O turista é sempre motivado por estímulos que podem e ser causados provavelmente por stress, dor, prazer, excitação, curiosidade, necessidade do novo, conhecimento de novas culturas, descanso, busca do equilíbrio em si próprio e, enfim, a liberdade. Estes são alguns dos principais estímulos que fazem o turista procurar a liberdade longe de casa.

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